Fraternidade Umbandista Aldeia Caboclo Pena Branca – 6 anos

Em 2015 nossa aldeia completa 6 anos de existência, faço 8 anos como sacerdote e 17 anos de história dentro da Religião. Em outros anos no ato de demonstrar agradecimento pela nossa trajetória falei muito de todos os tropeços e avanços que a ALDEIA passou nesses 6 anos de história e aprendizado.

                Nesse ano peço licença a todos para falar um pouco de mim e de tudo que eu passei para construir essa  história junto com vocês. Gostaria de dar o meu testemunho e dizer o quanto a Fraternidade Aldeia Caboclo Pena Branca mudou a minha vida. Pedi inspiração de  grandes mestres e pensadores que em seus textos  resumem tudo que vivi em nossa casa.

Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos;
é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis

(Seneca)

Nossa  história começa na busca do auto conhecimento. Para que pudéssemos  liderar pessoas precisávamos nos conhecer profundamente, em nossas deficiências, em nossas fragilidades, em nossas necessidades e acima de tudo sem modéstia , em nossas virtudes. Foi difícil. E essa dificuldade nos possibilitou a partir do momento que tínhamos misericórdia conosco, pudemos observar e aceitar gentilmente todos os que chegavam com suas dificuldades e virtudes para juntos construirmos a ALDEIA que hoje temos. As dificuldades do início superadas, as necessidades supridas e o projeto desenhado focamos nos aspectos organizacionais que determinavam que precisávamos exercer de forma equilibrada nossa liderança e dividir também equilibradamente as decisões tornando participativo o processo de construção do projeto. Foi difícil. São muitas cabeças pensando diferente. O importante sempre foi estabelecer o NORTE. A caridade, o amor, a fé , a responsabilidade e o olhar espiritual as ordens que vem do alto.

“No ceu se diz ALELUIA, porque na terra se diz AMEM”

(Santo Agostinho)

            Sempre ouvimos do nosso GUIA CHEFE   que nossa casa já existia no astral, mesmo sem existir no campo físico. E tivemos várias confirmações durante o processo. A  vontade de estar junto de vocês , de pensar o melhor, de sempre acordar com projetos e formas de tornar essa jornada cada dia mais interessante aos olhos de pessoas que vieram de formações religiosas, sociais e culturais diferentes. Não era só proporcionar a solução para problemas espirituais ou desencontros mediúnicos. Era despertar para a consciência de que somos seres espirituais numa jornada encarnada com um caminho traçado e experiências que precisarão ser vividas para fazer essa vida valer a pena. Tantas vezes pensamos em desistir acreditando que acima de tudo DEUS estaria determinando o ritmo das coisas e esse ritmo só nos mostrava que enquanto andássemos em sentidos opostos mesmo que paralelamente nunca chegaríamos num mesmo destino. Muita coisa precisou ser mudada. A forma de ver o caminho e a forma de caminhar. Era preciso respeitarmos o TEMPO DE DEUS pois o mesmo SANTO AGOSTINHO  nos ensina que “O mundo não foi feito no tempo mas sim com o tempo”

“A persistência é o caminho do êxito”

(Charles Chaplin)

                Falar da história de nossa casa pelos olhos daqueles que lutaram por ela é muito bonito. Agora falar da história de construção de nossa casa pelos nossos olhos é sempre fascinante pois sabemos que todos os obstáculos se apresentaram de forma muito intensa e só a FÉ em nós e principalmente naqueles que nos guiaram fez com que os obstáculos fossem apenas motivos de resignação e aprendizado. Hoje temos certeza que esses obstáculos foram imprescindíveis na construção de nossa identidade religiosa.

“Se o telhado for mal construído ou estiver em mal estado, a chuva irá entrar na casa; assim a cobiça facilmente entra na mente, se ela é mal treinada ou fora de controle.”

(Buda)

Hoje vivemos a fase física de nossa casa. Muitas responsabilidades, contas a pagar, formas de manter em pé, formas de movimentar e gerar recursos.  E porque tudo isso se para praticar uma fé, para viver um contato espiritual é só fechar os olhos e dobrar os joelhos olhando para o alto? Porque aceitamos a missão da Umbanda. Porque aceitamos a missão de nosso pai Caboclo Pena Branca. E faremos de nossas vidas um exercício de amor e trabalho pela espiritualidade contruindo e compartilhando a paz que nos é enviada por nosso mestre Jesus. É preciso renovar as esperanças num mundo melhor, acreditar na humanidade e aceitar que somos formiguinhas na construção dessa utopia. Não pretendemos mudar o mundo, até porque ainda estamos em processo de mudança e crescimento. Nossa busca é a mudança interior, é melhorar a cada dia e que essa mudança que vivemos cotidianamente se reflita em nossas ações e nos ajude a promover a mudança em todos aqueles que dela necessitarem.

“Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores”.

(Jesus Cristo)

Nossa preocupação nunca será saber se teremos Oxalá ao nosso lado. Nossa missão é estar sempre ao lado de Oxalá porque Oxalá sempre estará certo. A Umbanda é a prática do amor e da caridade através da espiritualidade. E nada nos fará desviar dos objetivos que levam o ser encarnado a luz divina e primordialmente a luz interior. Faremos sim uma obra ainda maior. Pois acreditamos que a reforma intima, o progresso pessoal, moral e espiritual do individuo, conduzindo o ser a plenitude espiritual, é de fato a maior das obras, pois poderemos transformar a criação mais perfeita e incompleta de Deus: O HOMEM.

Muito obrigado!

Oxalá nos abençoe!

Parabéns Aldeia!

Pai Alex d’Oxalá